quarta-feira, 30 de julho de 2014

Futuro meu, futuro meu, haverá algum futuro mais incerto do que o meu?

Não sei se já deram conta das assinaturas que agora aparecem na maioria dos textos dos jornais portugueses. Em vez de um nome de um jornalista aparece: 'Expresso'; 'Publico'; 'Redação TVI' e por aí fora... Que coisa bonita pensam vocês as redações unidas, os jornalistas à volta de uma mesa redonda a escrever acerca do mesmo tema. A sinergia das várias secções de um jornal que trabalham pelo bem comum. Pois, são pensamentos bonitos. É verdade que o são. Mas o problema é que há uma coisa que se chama Comissão da Carteira, outra que se chama Estágios Curriculares e uma terceira que se chama Estagiários. Agora pensam vocês, três que devem trabalhar pelo bem uns dos outros com o objetivo final de formar uma noa geração de jornalistas competentes. Mas também não... A comissão da carteira em 2008 decidiu 'pelo bem dos estagiários', dizem eles que esses teriam deixar de assinar as peças que escrevem sob pena de pagarem uma avultada multa. Que fique bem claro que eu deixo entre aspas a negrito a expressão 'pelo bem dos estagiários'. Não, não é o bem dos estagiários que se almeja. Hoje em dia os projetos de jornalistas, alguns muito melhores dos que andam no meio há anos, não têm direito a muito. Devo mesmo dizer que não têm direito a nada para ser justa e sincera. Os estagiários veem-se obrigados a aceitar condições escandalosas de estágios, muitos a ter que pagar para trabalhar. A maioria fá-lo de um sorriso no rosto, felizes pela oportunidade que têm, prontos a dar o melhor deles, o máximo dos máximos com a vil esperança de que um dia eles próprios possam vir a ter na mão uma carteira profissional. A única coisa que têm em troca durante os três, cinco, seis meses ou um ano de estágio é o portfólio com que ficam. São os textos que escrevem portanto vedar-lhes a assinatura é quase criminoso. Diria mais, é mesmo criminoso uma vez que há uma coisa chamada propriedade intelectual.

#somostodosbrasil

Não tenho aquele fascínio comum a qualquer português. O fascínio pelo Brasil. Tenho curiosidade em conhecer obviamente. Adorava tomar um banho naqueles mares maravilhosos, ouvir o samba e a boça nova. Beber um chôpe, e comer um pão de queijo. Mas, não sinto aquela ligação aos 'nossos irmãos', à terra de Vera Cruz...

Este ano com a Copa calhou-me fazer alguns trabalhos acerca do Brasil, na faculdade com os BRIC calhou-me ter que estudar o Brasil. A minha ideia inicial era de que cada vez que conhecia mais a cultura (verdadeira, e não a das telenovelas) brasileira mais acreditava que aquele povo estava condenado. Estava condenado porque aprendeu connosco o pior que nós temos e aperfeiçoou o engenho. Podia parecer xenófobo aquilo que eu dizia. Mas não era de todo. Não sinto fascínio pelo Brasil porque me sinto culpada por aquilo em que transformamos um pais que tinha potencial para ser a joia da América do Sul. O mesmo não acontece em relação a África, aí sim, sinto aquela 'chamada à terra' de que todos falam.

Mas depois o Brasil, os basileiros deram-nos uma lição. Pegaram na educação que lhe tinham dado a custo e com condições miseráveis e lutaram. Mostraram que afinal não eram um povo condenado. Eram e são um povo capaz que se quer capacitar mas que tem um governo, um Estado, uma máquina que os condena. Pegaram nos cartazes e foram para a rua, munidos das suas vozes de comando, provaram que na terra do futebol o futuro e a vida interessam mais.

Os jornalistas internacionais ouviram o chamamento, sentiram o fascínio. A Dilma tentou menosprezar a situação, a FIFA estava assustada e nós aplaudíamos. Já passaram quinze dias desde o final da COPA, e as capas jornais deixaram de ser verdes e amarelas, agora são só verdes da cor do BES. Já passaram quinze dias desde que os turistas e as grandes equipas saíram do Brasil. E nós aqui estamos, sem saber o que é feito do Brasil e dos corajosos brasileiros. Aqui estamos, dez anos passados do nosso EURO, ainda a pagar os nossos estádios, muitos deles já sem utilização muitas das suas equipas já sucumbiram enterradas em dívidas e os jogadores sem salários já não se vestem nos fascinantes balneários. A diferença é que há dez anos nós, os fascinantes 'portugas', saímos em conjunto para ver os fascinantes estádios, percorremos as fascinantes autoestradas de sorrisos no rosto e aplausos nas mãos.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Aquela que faltava (MS)

E voltámos ao choro... Em menos de 5 minutos ou coisa que o valha... Mas desta vez de alegria. Recebi uma mensagem a dizer qualquer coisa como "acabei de saber que fui promovida" e a minha primeira reação é largar em prantos.

A minha baby foi promovida, ainda não sei como nem para que função. Mas sei que o foi. E eu tenho pedido tanto, mas tanto por este momento. A minha MS é alguém incrivelmente único, que me conhece até ao mais ínfimo pormenor. Mas o que a faz ser fantástica, não é a relação que tem comigo. É a relação que ela tem com o mundo. Não há ninguém que a conheça e que lhe fique indiferente. Não há ninguém que não pense que ela é feita à medida, tamanho único, coleção exclusiva, casta d'Ouro e edição gourmet.
 
A minha MS este ano tem andado numa pequena montanha russa que a tem desequilibrada, que lhe tem imposto desafios e que a têm feito reagir com a cabeça muito quente. Este ano tem sido ´difícil para ela sentir um chão forte, que está preparado para a receber à primeira, à segunda e vigésima queda. Sente-se a andar numa corda que une o vale do Rei Leão... E nem isso a fez perder aquele brilho, aquela vontade inerente de estar sempre la, pronta para mim, para ti, para eles...para o mundo.

Eu tenho tentado mostrar-lhe que sou o chão que ela precisa, que estou aqui para as vezes que ela cair. Só não estou aqui para quando ela desistir (estou, mas desvio-me um bocadinho antes). O maior defeito da MS é querer agradar o mundo inteiro, querer que toda a gente goste dela e sofrer se alguém não o faz.
 
Vou ligar-lhe agora, que já passei do histerismo ao choro e de volta ao histerismo. Vou ligar-lhe agora e perguntar como é possível ficar tão feliz por alguém que não sou eu?

Viver estranhamente

Estranhamente bipolar... Com uma direta em cima depois de ter tido uma insónia em que me deu para pensar estranhamente na vida e chorar. Vim agora a casa antes de seguir para ir fazer umas fotografias e ao contrário do que era altamente expectável passei a manhã estranhamente bem dispota.
 
Alguém que me dê lítio. Isto está a chegar a proporções nunca antes vistas. Não posso culpar as hormonas, o trabalho, os problemas. Desta vez a culpa é mesmo só minha, Sou um bicho estranho e tenho que me convencer disso.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Insónias #1


Tenho saudades suas avó

 
 
A minha avó sabia ler, a minha avó não teve que levar o mundo na cabeça, não teve que ver o sol nascer todos os dias. A minha avó não teve sete filhos, teve três e um deles foi o meu pai. A minha avó morreu cedo. Dela lembro-me do riso, das festinhas carinhosas, do ar altivo com que falava quando dava ordens. Dela lembro-me das noites em que me acalmava, dos seus olhos vermelhos que escondiam o choro quando o meu avô morreu. Lembro-me dela numa cama, em casa, num hospital. A lutar contra a estupida doença. Foi por ela a primeira vez que chorei. Que chorei a sério. Um choro que doi no peito, que esgota as lágrimas e que faz sofrer. Foi no dia em que ela morreu que senti pela primeira o que é ver a vida a mudar. As memórias que tenho da minha avó confundem-se com o que dela me contam. A minha avó perdeu o amor da vida dela. A minha avó morreu com os filhos criados e com quatro netos por criar. A minha avó morreu cheia de certezas e deixou-nos  cheios de dúvidas.
Eu tenho saudades suas avós... Gostava de discutir consigo a importância da Republica, a grandeza do 25 de abril e das diferentes maneiras de pensar. Sei que íamos discordar. Gostava de voltar a fazer os trabalhos de casa na camilha do avô, de ir à Cenoura comprar vestidos, lanchar no horta e jantar suflé com bolo de chocolate à sobremesa. Eu tenho medo da morte. Porque sei o que ela é. O que ela leva e o vazio que deixa. Sei o que é chorar porque vemos uma fotografia, ouvimos uma frase ou pensamos no passado. Eu tenho saudades da minha avó.

I want to follow you, so don't follow me

It's so hard to move on, but nobody can love someone for ever.
It will be my final request: I want to kiss you. Let's do it.
 
But what does that mean? What am I doing? This does not make any sense. I'm scared. I'm an idiot after all. I like my old self. I miss her. She had 'nuts'...
This is kinda kreeping me out, all of this new thoughts and new way of feeling. I need an answer; let's get over with all of it. My heart is racing, not seeing you feels like the end of the world. But as I told you crazy me do crazy things. Trust me because I just can't trust me now. I just want to scratch the past and start again.
Forget my last request and I'll forget you.
 
Make a whish... And let's toast do the incredible and unique relation we had. And, again, that's it. What do you think? Don't fight it, this was never the way it was suposed to be... So I guess we shoudn't start doing wright things now.
 
I'll walk way, wave, fell de summer, say goodbye but don't, please, don't follow me.

#1worldproblems

O título está à partida errado, este é um daqueles problemas que se aplicam ao primeiro mundo e ao terceiro. Talvez até no terceiro mundo este possa ser um problema bem mais grave do que é no mundo em que vivemos. Mas, no MEU mundo este é um problema que se está a tornar uma preocupação. Eu sei que ainda não disse qual é... Eu sei que estou a divagar e que está tudo à espera que eu fale na fome no mundo, no acesso a cuidados de saúde, na igualdade de género... Mas não, lamento, de momento há uma escritora fútil que se apodera de mim cada vez que início sessão no blog.
 
Isto anda complicado para este lado a nível romântico... Embora o meu horóscopo na Caras prometa que todas as semanas há uma amizade que via crescer até agora eu ainda não vi nada. Até ao dia de ontem... Depois de uma semana de chamadas com um possível entrevistado chegou o derradeiro dia em que o conheci. A voz bonita refletia-se de maneira igual no sorriso, nos olhos e no corpo em geral. Simpático, divertido, educado, carinhoso... Podia continuar aqui até amanhã... E ontem, com ele, foi o que fiz. Continuei.. Continuei... e continuei... até ao momento em que vejo uma aliança no dedo.
 
Escondo a minha curiosidade no meu profissionalismo e pergunto pela mulher. "Única, maravilhosa..." Ele podia continuar a tarde inteira, pareceu-me. Depois fala-me nos filhos "Lindos e amorosos". Dei-lhe os parabéns e continuei, agora sem segundas intenções. Munida apenas do meu bloco, da minha caneta e do meu profissionalismo.

Bem sei, bem sei que isto parece um problema ridículo. Mas, o que vocês não sabem é que este ano todo os seres que me despertaram algum interesse eram todos casados. Portanto, isto só pode ser uma praga. Praga essa que está a tomar proporções muito grandes uma vez que passaram de 'casados' a 'casados e com filhos'.

Eu juro que não sei o que se passa. Mas a idade adulta faz-nos dizer e sentir coisas que nunca na vida pensámos ou que gozámos. As minhas amigas tentam marcar-me encontros como se dissessem "o teu útero vai ficar fora do prazo", nos festivais de verão encontro os 'ex' com as namoradas e praticamente de anel no dedo, no final da entrevista mandei uma mensagem a um amigo a dizer "confirma-se ou são casados ou são gays". EXPLIQUEM-ME O QUE SE ANDA A PASSAR COMIGO?? Aqui estão reunidos os pensamentos e as frases que eu sempre disse que ninguém ia ouvir vindas de mim.
 #1worldproblems vs #realproblems, certo?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

PARABÉNS A DUPLICAR MJ

Odeio tanto quanto adoro esta coisa que inventei de dar os parabéns aos meus amigos pelo blog. Odeio porque nunca o faço a tempo, porque às vezes o tempo que separa o aniversário do amigo em questão da altura em que me lembro de escrever. Adoro porque hoje em dia é muitas vezes o que me obriga  a escrever com alguma regularidade no blog que infelizmente tem ficado para segundo plano.

Nesta fase do campeonato já tenho tantos aniversários em atraso  que mesmo que escrevesse um por dia até ao final do mês acho que não  conseguia parabenizar todos os meus  fofinhos. E o blog ia tornar-se a maior seca de que a blogosfera tem memória... E atenção que eu sou uma fervorosa acompanhante das discussões "deve-se ou não bater nas crias" no Pais de Quatro. Desta forma decidi juntar os anos da minha MJ ao elogio publico que lhe quero fazer pela coisa maravilhosa a que assisti ontem.

Primeiro devo dizer que sou uma fã incondicional de teatro, segundo quero dizer que sou uma fã incondicional da MJ e que estes dois em conjunto provocaram em mim um calafrio, um arrepio uma ansiedade, como se da minha própria estreia se tratasse.

Não está a ser fácil escrever este texto. A MJ conhece o blog, é a única dos meus amigos. Em tempos foi uma leitora assídua e eu não quero estar a escrever para ela ler. Eu escrevo porque é verdade. E vou tentar esquecer-me que há uma possibilidade de ela estar desse lado, enquanto eu falo sobre ela neste.

Conheci-a no básico. Na altura ela não gostava de mim. Depois no décimo ano tornámos-nos colegas de turma. Ela queria ser bailarina, eu queria ser jornalista. Não sei bem quando nos tornámos amigas. Não me lembro do dia em que me apercebi que ela era uma das pessoas mais importantes da minha vida. Mas lembro-me do dia em que ela soube que não podia ser bailarina, em que o mundo dela se ia colapsando a seus pés. Lembro-me do dia em que o meu tio teve um ataque cardíaco e foi a ela que eu recorri. Depois lembro-me de tudo... Dos risos, das zangas, dos nervos nas candidaturas à faculdade. Lembro-me das férias de verão, das saídas, das tardes de estudo, das conversas debaixo de uma manta com uma chávena de chá na mão... Lembro-me de tudo, todos os dias. E não quero esquecer. Nunca.
 
Tenho em relação à MJ uma atitude muito maternal que eu não percebo de onde vem, nem como começou... Tenho medo por ela. Que não esteja preparada, que se magoe, que bata com a cabeça na parede. Tenho medo pelo futuro dela. Depois de a ver ontem percebi que lhe está destinada uma vida de sucessos. Mas tenho medo, medo que não saiba percorrer o caminho que lhe está destinado. Que se meta por atalhos ou por curvas cotovelo. Que pare para abastecer e se esqueça de continuar.

Mas esta viagem faz parte. É uma viagem que só ela pode fazer. E, se leres isto, sabes que tens aqui uma porta para quando houver nevoeiro no caminho. Ontem antes da peça falava com a diretora da escola dela, partilhamos alguns medos. Agora deixo aqui o que ela te deixou:

"Agora que tens asas, lembra-te de as usar.", Patrícia Vasconcelos 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Folga

Hoje estou de folga,

Plano: Queria dormir até às 11h tomar um bom pequeno almoço. Ir comprar o jornal, ler numa esplanada. Adiantar trabalho na Gulbenkian e às 16h ir ter com a minha mãe que faz anos.

Realidade: Acordei às 8h porque não consegui dormir mais. Tomei um café e um copo de sumo como pequeno almoço. Li, mas foi em casa... O ponto positivo foi que como em vez de acordar às 11h acordei às 8h consgui adiantar mais trabalho. Não foi na Gulbenkian, mas adiantei. Agora são 15h tudo atrasado para ir ter com a minha mãe.

Conclusão. Srªs Bloggers conhecidas que tomam pequenos almoços que parecem encomendados pela Globo, que conseguem acordar tarde nas folgas, que estão com um aspeto maravilhoso e ainda por cima foram correr, COMO FAZEM?

Agradecida,
É que depois de ler os vossos blogs acho que as minhas folgas estão ao nível das folgas da lesma.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Obrigada

"Conhecerás novos amigos mas nunca esquecerás os antigos." Esta é uma daquelas frases que andam no facebook em cima de uma fotografia com um filtro manhoso e que é partilhada com hashtags e corações. Mas é verdade. Antes de dizer o que quero dizer faço uma declaração de culpa. Eu tenho os melhores amigos do mundo. E nos últimos dias tenho sido a pior amiga do mundo. Mas isso é para discutir em sede própria.

É incrivel pensar que ainda que eu tenha os melhores amigos do mundo, já há muitos, muitos, muitos anos e que não deseje mais ninguém senão eles, tenho encontrado mais amigos bons, bons também eles melhores do que os amigos de toda gente. Não há uma fórmula que diga: "Melhor é amigo é aquele que entra na tua vida e que passado dois anos ainda não saiu, nunca te lixou," Não, esta fórmula não existe e não se aproxima minimamente da realidade.

Por vários motivos... (principalmente porque acabei de a inventar)Mas por experiência, sei que esta fórmula não existe. Este ano conheci duas pessoas fantásticas. Duas pessoas que entretaram passado pouco tempo para o reduzido grupo a quem chamo amigos. Verdade seja dita que um deles entrou quase instantaneamente. Conheci-o numa noite e achei-o muito interessante. Numa oportunidade de fumar um cigarro (fumar ainda tem esta vantagem) falámos e falámos. Ao terceiro cigarro vieram chamar-nos, ver se estava tudo bem. Estranharam... sem nos conhecermos, ali a falarmos três cigarros de seguida.

Gosto muito dele. Somos  muito parecidos. Os dois com trabalhos muito complicados no que ao consumo de tempo diz respeito tentamos sempre estar juntos e a diversão é garantida. Mas também não é por não nos vermos que amuamos. No fundo, somos amigos. Podia ser só diversão e companheirismo. Mas não. Já surgiu a oportunidade de termos que nos ajudar (mais ele a mim do que eu a ele), de nos pormos à prova e acho que os dois superámos. É um amigo, sim.
 
E não, não há qualquer tipo de atração física, não há devaneios de um futuro. Somos amigos, ele é namorado de uma amiga. E eu gosto dele assim!

Escrevo estes parágrafos sem saber se o favor e ajuda que ele meu deu vão resultar. Escrevo antes porque quer resultem, quer não eu estar-lhe-ei eternamente grata e sei que ele não vai querer que eu lhe agradeça
.
 
 
 

Falaram-me de ti

Falaram-me de ti. Não sabiam que eu te conhecia. Não sabiam que eu gostava de ti e tu de mim. Gostei e gosto. Gostamos. Porque somos atípicos e porque nunca mais falámos. Mas quando nos vemos rimos sempre. E mesmo os que não sabem dizem 'é engraçado como vocês se dão tão bem'.

Falaram-me de ti. Não sabiam que eu também podia falar. Mas disseram coisas bonitas. Elogiaram-te. Fiquei feliz. Por ti, por mim, por nós. Porque nunca houve um nós. Mas haverá sempre um nós.

Falaram-me de ti. Foi uma rapariga. Era bonita. Falou de ti com um brilho no olhar. Continuas igual. Derretes corações. E eu percebo. Só o meu não derreteste. Talvez um bocadinho.

Falaram-me de ti. E agora penso em ti. Nesse tempo bom que passámos juntos. No que partilhamos. No que rimos e no que olhámos. Não canso que me falem em ti. Porque até o dia em que me despedi de ti foi bom. Foi como tu és. Bom. Disseste que percebias. Sabias que eu te mentia. Que na realidade era dele que tinha saudades. Mas disseste que sim. Falaram-me de ti. E eu lembrei-me dessa tarde em que me limpaste as lágrimas. Que insististe. E que depois de veres que não valia a pena me convidaste para jantar. Acho que nunca rimos tanto como nessa noite. Falaram-me de ti. E eu lembrei-me que tu me deixaste em casa. Dei-te um beijo na bochecha e saí.

E hoje falaram-me de ti.