Levamos muito a sério o provérbio "de médico e de louco todos temos um pouco", o que confesso qu dá algum jeito. Primeiro porque somos da Beira e com o frio é sempre bom ter alguém com uma aspirina ou benuron no bolso do casaco. Depois porque só sendo louco conseguimos sobreviver a estas reuniões familiares. Estão vocês a pensar "a minha família também não bate muito bem". Mas posso assegurar-vos que a minha é pior, até já pensei pedir a um notário que ateste o que digo, sempre podia ter alguma vantagem, nem que fosse apenas compaixão.
Imaginem as vossas famílias loucas, louquinhas vá, mas com uma dimensão considerável e a falar muito alto. A falar alto porque o avô e as tias já estão surdas, a falar alto porque nunca soubemos falar de outra forma. Imaginem depois isto multiplicado por muita gente, que ri muito mas que discute na mesma proporção. Imaginem que no meio destes há segredos entre o A e B, mas o C que sabia já contou ao D. O D que até tinha um segredo com o E, um dia bebeu demais e contou ao F o segredo do A e do B e agora já toda a gente sabe, mas o abecedário inteiro finge não saber. Depois imaginem que há membros nesta família que são snobes, deliciosamente snobes, e que acham que por terem apelidos ou o que quer que seja são mais que quem quer que seja. E imaginem que são exatamente esses snobes a abrir a porta de casa e dar tudo quanto podem dar a quem precisa.
Imaginem, imaginem o que quiserem porque tudo o que imaginarem será metade darealidade desta família. Desta família de loucos, da melhor família, dos mais loucos, dos meus loucos, da minha família.
Sem comentários:
Enviar um comentário