Hoje é véspera de Natal e eu passei o dia sem sentir o cheiro a filhos, sem ouvir a minha mãe dizer uma única vez "vejam a lareira" . O meu pai nem sequer me pediu para ir com ele comprar qualquer coisa "muito urgente" para fazer uma mini-obra em casa no dia de Natal.
Hoje è a primeira véspera de Natal que passo, ainda que parcialmente, em Lisboa. E por isso não ouvi as minhas tias a dizerem enquanto pomos os presentes na árvore "vocês são loucos. Nos já não temos idade para presentes."
Eu que detesto o tradicional almoço de véspera de Natal, senti falta hoje, enquanto comia uma seca e empapada sandes de panado, do arroz de polvo e do polvo frito. Mas principalmente da banda sonora que o costuma acompanhar, risos, discussões, eu e os meus irmãos a implicar.
Estou agora num autocarro cheio a caminho de casa e preciso que me injetem Natal nas veias porque estou com um défice de festividades que se pode tornar fatal durante a consoada. No autocarro cheio vi um amigo, amigo que além de amigo é colega, que estava também a sair mais cedo do trabalho. Que também não foi a friends party e que também não irá à festa de ano novo.
Este será sempre o meu futuro, a minha vida. Uma profissão queime vai obrigando cad vez mais a não estar presente. Um sítio onde a "família do trabalho" ganha uma nova importância, quase como impondo a ideia de que se começa a sobrepor à família de raiz. Não quero escolher uma em detrimento da outra, por isso até lá vou continuar a tentar ser omnipresente, a fazer quilômetros e a dar o meu melhor às duas.
Feliz natal a todos desse lado
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