Fiquei, instantaneamente, com algum medo. Não medo de ti, de mim. Não posso fingir que não há química entre nós, não posso fingir que te acho... Nem sei bem o que te acho. Mas também não posso fingir, como faço todos os dias, que não flirtamos naquela noite, já embalados pelo álcool,forçosamente juntos num taxi vazio.
Nunca se passou nada, nunca se vai passar nada. Fingimos os dois que não estamos interessados, que somos só dois colegas que se dão bem, vamos fingindo porque é a única maneira de nos permitirmos estar juntos.
O ano tem 4 dias e já começou cheio de incertezas, eu e o D não dá mais. Para bem da nossa amizade, acabou como tinha que acabar: em bem, sem rupturas. A memória do R tem-me acordado todos os dias, e a confusão começa no ponto de partida.
Ao quarto dia do ano o balanço é: confusão e incerteza.
O café correu bem, tu jantaste, eu acompanhei-te numa garrafa de vinho. Falamos de trabalho, de amigos, de inimigos, política, economia, desporto. Não falamos de nós. Não poderíamos falar de uma coisa que fingimos não existir. E que não pode nunca existir.
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