domingo, 10 de julho de 2011

Barulhos repentinos

Tudo acontece a um velocidade estranhamente rapida. Tudo muda num instante. E quando achamos que controlamos tudo, há uma reviravolta estrondosa que nos faz duvidar de tudo em que acreditamos.

Tem sido um ano especialmente difícil, e quando estamos a recarregar energias do último banho de água fria atiram-nos cubos de gelo à cabeça e pedem-nos um sorriso.

Não dá para se dizer muito bem se é revolta, se é indignação, se é injustiça ou o que quer que seja. Só sei dizer que é a realidade que tenho neste momento à minha frente e é a realidade com que tenho que lidar.

Qual é essa realidade? É a realidade de ver menos uma pessoa na minha família, na minha vida no espaço de 1 ano ou até mesmo no espaço de 19 anos. Não quero saber se é justo ou injust, não quero perguntar "porquê a mim?". Porque acho tudo isso ridículo, se as coisas acontecem alguma razão há que a própria razão desconhece.

Sim, perdi um tio que tinha 43 anos e que tinha uma vida pela frente. Uma daquelas mentes brilhantes, que em casa é a pessoa mais simples embora com uns laivos de um certo... pedantismo (?!?). Morreu de causa desconhecida em Londres, onde tudo aconteceu no tempo que se fala no primeiro parágrafo, aquele que que só a luz consegue igualar.

Não soube da notícia pela televisão, mas só a partir do momento em que vi na televisão consegui acreditar no que se estava a passar. Foi tudo tão rápido, tão repentinho que podia jurar que estava a dormir e que ia acordar em breves instantes. Tudo se tornou real com o barulho que não para. O som das teclas que marcam viajens para Londres, o som do telefone que não para de tocar. A repetição do seu nome e de todo o seu brilhantismo em cada noticiário que se abre, em cada manchete que se compra, em cada esquina que se cruza onde há sempre alguém que quer dar mais um abraço, que quer lembra que "rezo por todos". O som que não para, e eu que não consigo calá-lo.

O meu pai e o meu irmão chegam hoje de Londres, eles sim vêm com outra certeza, uma que eu ainda não tenho. Uma que ainda me custa aceitar. Parece que estaos a engolir em seco, a tapar um buraco com ar... Não há autópsia que nos dê uma reposta, mesmo com todas as pressões da presidência da república parece que temos que esperar. Não há um funeral que "encerre" as despedidas. Não chega o silêncio...

Não chega o silêncio e eu não consigo dormir.

1 comentário:

  1. Pimentamigo

    É muito doloroso, é muito difícil, mas tem de passar e tens de dormir à noite. Não o podes trazer de volta, infelizmente.

    Mas, tenho de te dizer: está muito sentido, mas muito bem escrito

    Abç

    Se quiseres ir até à Minha Travessa... há lá um PASSATEMPO/CONCURSO até amanhã

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