sábado, 11 de outubro de 2014

Os nervos são comunistas


Os nervos crescem nas palmas dos pés. Os nervos sobem até aos joelhos e fazem-nos tremer, sentimos um apoio que parece fugidio. Depois sobem até ao baixo ventre que se mexe como se um comboio passasse desafinado em cima de carris. Os nervos não se dissipam, espalham-se pelo corpo e fazem dele a sua casa. Os nervos encontram conforto no estômago e o estômago procura conforto no fundo de uma caixa gelado, de um pacote de batatas fritas. Os nervos são um caixeiro viajante que faz da garganta o seu acampamento. Os nervos agregam-se na face e fazem-nos corar, depois, apercebendo-nos do aumento de cor ruborizamos ainda mais com vergonha. Os neros são comunistas.

Os nervos são comunistas, uns radicais de esquerda que não reconhecem a propriedade privada. Ocupam as nossas mãos fazendo-as tremer. Os nervos são tramados, uns chatos que só atrapalham e não acrescentam nada. Só fazem barulho e não contribuem. Mas, tal como os comunistas, temos que aprender a lidar com os nervos. A viver com nervos. E, tal como os comunistas também nós perguntamos porque é que eles existem e não nós deixam trabalhar? 

Os nervos são comunistas. Não são daqueles tipos porreiros, mas mal informados, que fumam uns charros. Não, os nervos são daqueles comunistas que usam boina, botas largas e querem dominar o mundo. E, os nervos são comunistas.

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