quarta-feira, 30 de julho de 2014

#somostodosbrasil

Não tenho aquele fascínio comum a qualquer português. O fascínio pelo Brasil. Tenho curiosidade em conhecer obviamente. Adorava tomar um banho naqueles mares maravilhosos, ouvir o samba e a boça nova. Beber um chôpe, e comer um pão de queijo. Mas, não sinto aquela ligação aos 'nossos irmãos', à terra de Vera Cruz...

Este ano com a Copa calhou-me fazer alguns trabalhos acerca do Brasil, na faculdade com os BRIC calhou-me ter que estudar o Brasil. A minha ideia inicial era de que cada vez que conhecia mais a cultura (verdadeira, e não a das telenovelas) brasileira mais acreditava que aquele povo estava condenado. Estava condenado porque aprendeu connosco o pior que nós temos e aperfeiçoou o engenho. Podia parecer xenófobo aquilo que eu dizia. Mas não era de todo. Não sinto fascínio pelo Brasil porque me sinto culpada por aquilo em que transformamos um pais que tinha potencial para ser a joia da América do Sul. O mesmo não acontece em relação a África, aí sim, sinto aquela 'chamada à terra' de que todos falam.

Mas depois o Brasil, os basileiros deram-nos uma lição. Pegaram na educação que lhe tinham dado a custo e com condições miseráveis e lutaram. Mostraram que afinal não eram um povo condenado. Eram e são um povo capaz que se quer capacitar mas que tem um governo, um Estado, uma máquina que os condena. Pegaram nos cartazes e foram para a rua, munidos das suas vozes de comando, provaram que na terra do futebol o futuro e a vida interessam mais.

Os jornalistas internacionais ouviram o chamamento, sentiram o fascínio. A Dilma tentou menosprezar a situação, a FIFA estava assustada e nós aplaudíamos. Já passaram quinze dias desde o final da COPA, e as capas jornais deixaram de ser verdes e amarelas, agora são só verdes da cor do BES. Já passaram quinze dias desde que os turistas e as grandes equipas saíram do Brasil. E nós aqui estamos, sem saber o que é feito do Brasil e dos corajosos brasileiros. Aqui estamos, dez anos passados do nosso EURO, ainda a pagar os nossos estádios, muitos deles já sem utilização muitas das suas equipas já sucumbiram enterradas em dívidas e os jogadores sem salários já não se vestem nos fascinantes balneários. A diferença é que há dez anos nós, os fascinantes 'portugas', saímos em conjunto para ver os fascinantes estádios, percorremos as fascinantes autoestradas de sorrisos no rosto e aplausos nas mãos.

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