segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não me quero despedir com medo de uma metralhadora

Não consigo escrever sobre outra coisa. O assunto não cansa, é o assunto. Paris, Paris, paris. Quantas vezes tivermos de repetir, quantas vezes tivermos de encher a bouça de Paris, de gritar Paris, de rezar por Paris. Não é demais, nunca é demais. Demasiado é o que temos aguentado sem retaliação. Na sexta estava numa exposição em Belém, eu e dois amigos. Fui. Ligaram-me, sai de casa e fui. Não liguei aos meus pais a dizer onde ia, como nunca faço. É descer Lisboa, antes da uma estaria em casa. Quantos não terão feito isto na sexta feira em Paris? Sair de casa para um concerto, para jantar sem ligar aos pais, aos irmãos, aos avós, aos tios e amigos. Sem antes lhes ligar a dizer que os amamos, que não os queremos perder por nada, que não nos queremos separar nunca. Hoje tomei o pequeno almoço com o meu pai, depois vi-o a ir, a andar descontraído. Enquanto eu tentava acalmar o pensamento: é esta a última vez que o vejo? A minha mãe ligou-me ontem,d desligou o telefone com pressa porque tinha outra chamada. Ligou-me a seguir só para se despedir. Não quero passar a viver com medo da despedida, não quero.

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